segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Bom e Velho Livro


Acabei de ler um destaque da Agência Lusa que titula "Leitura de livros em digital não substituiu a de livros em papel " e de facto não podia estar mais de acordo.

Confesso que apesar de ser um fã das novas tecnologias, na leitura afirmo-me um purista. 

Encanta-me sentir o toque do papel nos dedos, o folhear de cada nova página rumo a uma nova descoberta. Gosto de sentir o cheiro de um livro novo, o odor do papel e da tinta, isto sem desprimor para o mistério que se esconde num livre antigo na sua tez amarelada e no seu odor por vezes acre mas que nos remete ao mesmo tempo para um mundo perdido de magia, um segredo bem guardado debaixo de humildes vestes.

Poderão dizer que os leitores electrónicos como o iPad, o Kindle são mais  fáceis de transportar, mais práticos e, com o passar do tempo, mais económicos ,dado que podem receber um sem fim de obras mas falta-lhes algo essencial…a magia!  Aquela que nos acompanha desde pequenos quando folheávamos as nossas primeiras bandas-desenhadas, as nossas primeiras aventuras.



O livro electrónico é impessoal, pouco cativante e não é digno do carimbo de refúgio que o  livro de papel ostenta com todo o mérito. Para além do mais, já bastam as horas atrás de horas que passamos com os olhos vidrados no ecrã, quais escravos da tecnologia…Permitam-nos ao menos este pequeno esconderijo.

Aceito que me digam que como instrumento didáctico o livro electrónico venha a ganhar importância mas não esgrimam como argumento o facto destes gadgets serem mais ecológicos, é simplesmente falacioso. Se é verdade que é impresso menos papel (apesar do uso de papel reciclado dever ser cada vez mais uma constante), não menos verdade é a quantidade de recursos naturais empregues na produção destes instrumentos tecnológicos bem como a quantidade de detritos que se acumulam sempre que decidimos trocar por um modelo mais novo ou “mais adequado” às nossas necessidades.

Para a produção destes aparelhos, bem como dos telemóveis ou laptops, são extraídos minérios pesados como o ouro, a platina, o cobre, desbastando os recursos naturais para além de poluírem os leitos de água mais próximos. Nas fábricas, em grande parte localizadas no extremo asiático, onde as práticas laborais estão longe de proteger a saúde dos trabalhadores, estes são muitas vezes expostos a químicos e materiais tóxicos como o mercúrio, o chumbo e o cádmio.

Pior que os nefastos efeitos da produção em si, são aqueles que resultam do lixo tóxico que se acumula sempre que decidimos que está na hora de “reciclar” os nossos aparelhos. Muito destes resíduos são exportados em massa, apesar de todas as proibições, para  países em vias de desenvolvimento, onde se acumulam em lixeiras a céu aberto contaminando os solos, o ar e as águas.  

Parafraseando, direi que no meio está o equilíbrio, a virtude. A cada um destes objectos, o livro digital e o de papel, está reservada uma função. Como mencionei talvez a um caiba um papel mais didáctico e ao outro uma vertente de lazer mas pelo que me diz respeito manter-me-ei fiel ao velho amigo de infância.

domingo, 20 de outubro de 2013

Teresa Alves na Cabana


Encontrei-me com a Teresa Alves num agradável fim-de-tarde pela zona do Chiado. Sempre bem-disposta e com o seu timbre enérgico, deu-nos a conhecer um pouco mais da pessoa por trás da apresentadora da Mega Hits.


Teresa, és uma mulher da rádio. Sentes haver algum preconceito, mesmo dentro do meio, de que quem “triunfa na rádio é aquele que consegue dar o salto para o pequeno ecrã”?


Parece-me uma ideia feita que poderá ter alguma fundo de verdade. Eu nunca fiz televisão mas há quem diga que a rádio é uma grande escola. Na verdade, acredito que são dois meios diferentes mas que se entendem no discurso, na relevância e no papel que devem ter junto da opinião pública.

  

Imagino que sejam inúmeras as histórias para contar sempre que entras no ”ar”. Qual foi a maior surpresa que te fizeram durante uma emissão? E o momento que mais te deixou corada/envergonhada?

Normalmente, passo o meu dia de anos a trabalhar, não tiro férias porque gosto de passar este dia com as pessoas que trabalham comigo, que são importantíssimas para o meu bem-estar e que adoro. Lembro-me de um aniversário há 2 ou 3 anos em que os meus companheiros de manhãs André Henriques e Paulo Pereira me fizeram uma canção, pegando no instrumental da In Da Club (It’s your birthday) do 50 cent, cuja letra circulava à volta do “Teresa, são os teus anos, este programa sem ti não vale um caracol”. Entre outras ideias. 

Quanto ao momento de embaraço, tive poucos. Não sou pessoa de passar vergonhas porque não me ponho a jeito para elas.


Quem já conheceste e gostarias de conhecer no mundo da música? Quem mais te surpreendeu?

Já conheci algumas pessoas muito interessantes. Os artistas portugueses são, regra geral, muito disponíveis e interessantes. Há cinco anos entrevistei a Rita Redshoes e gostei imenso de a conhecer, na altura tínhamos muitas ideias comuns. Já fora do mundo da música, gostei muito de entrevistar o ator Nuno Lopes e o escritor José Luís Peixoto. Por outro lado, detestei entrevistar o Keanu Reeves. Não gosto de julgar as pessoas pela primeira impressão, mas pareceu-me ser presunçoso e desinteressante. Talvez estivesse num dia mau.


A rádio sobreviveu ao evento da televisão, tem sobrevivido à Internet e às novas formas de comunicação. Acreditas que continuará a existir no Futuro? Que papel lhe estará destinado?

Acredito que a rádio continuará a crescer no futuro, sim. A escuta média de rádio tem-se mantido constante nos últimos 10 anos em valores que rondam os 60% do total da população portuguesa. A rádio faz parte do dia-a-dia das pessoas: a caminho da escola, do trabalho, enquanto estudam, quando regressam do ginásio, quando fazem longas viagens presas em pensamentos só seus. Quem é que nunca pensou: “Ena, era mesmo esta a música que me apetecia ouvir!”. A Internet não é capaz de nos surpreender desta forma – porque é uma escolha nossa, cada um de nós faz “a sua própria Internet”, procura os conteúdos de deseja ouvir no YouTube, no Spotify, na Last.fm. Este grau de surpresa e de magia só se encontra na rádio. Já a televisão é alienante, não nos permite consumi-la enquanto se realiza outra tarefa. E porque vemos tudo o que a TV nos pretende mostrar, não há nada deixado simplesmente à nossa imaginação.


Na rádio a personalidade mais polémica que me vem à cabeça é Howard Stern. Consegues imaginar-te no papel de sua co-locutora ou fugias dali a sete pés?

Fugiria dali a sete pés! O Howard Stern é uma personagem marcante mas não partilho do seu estilo de entrevista. Gosto de fazer perguntas incómodas para o status quo, não incómodas ao nível da intimidade do entrevistado, que é um direito seu e que lhe deve ser reservado.


Sendo tu uma profissional de comunicação e ao mesmo tempo blogger (coautora do “stufftoliveandlove”) como encaras o fenómeno de blogosfera? Sentes que há por vezes uma certa animosidade dos média tradicionais face aos bloggers?

Por acaso, não sinto essa animosidade. Acho que os média tradicionais (rádio, TV, imprensa...) têm sabido olhar para os blogs na perspetiva certa: como fontes de informação. A blogosfera representa um canal único de liberdade de expressão, logo, é uma das maiores formas de representação de uma democracia participativa acessível a todos.

A Teresa da Rádio é diferente da Teresa do dia-a-dia? Qual o teu principal defeito?

Naturalmente, é diferente, porque todos somos diferentes nos vários papéis sociais que somos forçados a representar no nosso local de trabalho, em casa, junto dos nossos amigos ou na aula de yoga. Lá está, a Teresa da rádio vive rodeada de música de dança eletrizante e a Teresa do dia-a-dia pratica yoga três vezes por semana e medita para se centrar.


Como te defines enquanto mulher? 

Curiosa, independente e viva.


As malas de mulher são um autêntico enigma para nós homens e muitas vezes para vocês mesmas? Se eu te pedisse para abrires a tua qual seria a coisa mais inusitada que iriamos encontrar?

Um folheto do restaurante indiano ao lado de minha casa. Não sou capaz de recusar um folheto do que quer que seja, mesmo quando já os acumulo em casa!


És uma recém trintinha…Diz-se que os 30 são os novos 20 (e até há quem já fale que os 40 é que são…). O que esperas desta nova década?

Não sou muito de numerologia. Espero continuar a levar a cabo os projetos que me movem e que trago comigo da década anterior.

  

Viajar é uma das tuas paixões. Adoptas a postura “em Roma sê romano” ou não consegues despir a “camisola” de turista? Qual a viagem que mais te marcou?

Acho que consigo equilibrar-me dentro desses dois papéis. Por exemplo, quando vou ao Brasil uso um cartão SIM de uma operadora local e tenho um número brasileiro, o que praticamente me faz sentir local. Já na China, perante as estranhas iguarias gastronómica que me foram oferecidas, tive de manter a minha postura de turista e usar a minha ocidentalidade para recusar provar delícias como túbaros e afins... A Islândia terá sido a viagem que mais me terá marcado. É um país de grandes contrastes ao nível da paisagem – ora o quente dos vulcões, ora o frio dos glaciares – e um grande exemplo ao nível da cidadania: um país cujos próprios cidadãos organizaram uma auditoria cidadã à dívida, ousaram não pagar a dívida que consideraram ilegítima e processarem os seus responsáveis, punindo os verdadeiros responsáveis pela má gestão financeira do país.


Um livro e um filme?

“Cronicando”, do Mia Couto, o meu escritor favorito. E quanto ao filme, “Janela Indiscreta” de Hitchcock.


Teresa, estiveste recentemente na África do Sul onde tiveste a oportunidade de visitar a prisão de Robben Island e presumo a cela onde Mandela esteve 20 anos. Como foi a experiência? Sentiste o peso da sua presença? 

Foi uma das experiências viajantes mais interessantes da minha vida. A visita guiada à Robben Island é sempre realizada por ex-presidiários políticos, pessoas que contam na primeira pessoa as histórias que por lá se passaram. Fiquei a saber, por exemplo, que existiam nesta prisão quatro categorias de presidiários: os de classe A, B, C e D, categorias essas que correspondiam ao nível de privilégios conferidos aos presidiários graças ao seu comportamento (D os menos privilegiados, que apenas podiam receber visitas uma vez por mês, e A os que detinham mais privilégios, como poder ter papel e caneta na sua sela e receber jornais). Mandela, por exemplo, manteve-se sempre na categoria A. fazia questão de manter um comportamento exemplar dentro de Robben Island para poder obter o máximo de informação do exterior e assim organizar a sua resistência e luta contra o regime a partir da prisão. Graças a esta conduta, conseguiu escrever dentro da prisão a sua obra “Long Way to Freedom”, que escondia debaixo de um canteiro no pátio da prisão.


Por falar em Mandela, uma personalidade que ambos admiramos...Do contacto que foste tendo com as pessoas é perceptível algum receio, alguma tensão pelo que possa vir a acontecer após o desaparecimento de Madiba?

Existe algum receio por parte dos sul-africanos face à iminente morte de Mandela. Temem que, com a morte do símbolo anti-apartheid, velhas quezílias sejam retomadas e antigas feridas abertas.


Se pudesses viajar no tempo que época escolherias e porquê?

Escolheria os anos 60 e 70, em França, Espanha e Portugal, para poder assistir às revoltas estudantis e à libertação dos regimes ditatoriais destes dois últimos países. Fascina-me esta consciência política de crença num mundo melhor dessa época, que julgo termos perdido com o passar dos tempos e das gerações.


Para finalizar, e porque o tempo ainda ajuda…Qual foi a tua maior loucura de Verão?

Ter começado um projeto de doutoramento e voltado a ser trabalhadora/estudante. É preciso estaleca para este ritmo de vida intenso!



 Teresa, obrigado por te teres prestado a ser a primeira "vítima" ;).

Fotos por Gonçalo Pereira Esteves


sábado, 19 de outubro de 2013

Back to Classics - Hamburgueria Gourmet Café do Rio


Se a moda das hamburguerias gourmet veio para ficar, porque não revisitar aquelas que deram origem esta fama...Bem-vindos à Hamburgueria Gourmet - Café do Rio.

A meio caminho entre o Terreiro do Paço e a Casa dos Bicos, somos convidados a entrar num espaço simples mas acolhedor, onde o hamburguer é rei mas o pão não entra. 

O primeiro obstaculo com que nos deparamos é a dificuldade na escolha...entre as mais de 30 opções que nos são apresentadas.


Para além das escolhas mais exóticas como o hamburguer Mexicano com Guacamole e o de Wasabe, dominam os sabores de influência portuguesa como o queijo da serra, a alheira de Mirandela, a francesinha, o presunto de Chaves e nem o tradicional cheeseburguer escapa ao "rótulo nacional"...O queijo é da Beira Baixa. 

Os vegetarianos também não são esquecidos.



No meu caso acabei por escolher o hamburguer Pastor que promete e cumpre com "as generosas fatias de queijo da serra" de que se arroga. Ao contrário do que se poderia pensar, o hamburguer é muito equilibrado com as suas notas de vinho do Dão, tomate e cebola frita...A repetir.

A Carmen optou pelo Mexicano e o Guacamole com um travo picante resulta muito bem.

O segredo, diria que está na qualidade superior da carne e dos produtos seleccionados, fresquissimos.

Para acompanhar, escolhemos uma deliciosa sangria branca mas confesso que fiquei de olho no Mojito de Maracujá.


Cumprida a primeira visita mais estão certamente na agenda. Aprovado!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Drogas, Gatos, Oreos e Vinho para Todos


Sabia que as Oreo podem ser tão viciantes quanto a cocaína? E se lhe disser que no Japão foi lançado um vinho para gatos? Ui o sucesso que isto vai ser entre os solteiros e solteironas..."Não preciso de estar com ninguém, basta-me um copo de vinho e um gato! Whiskas...que tomamos esta noite...Chardonnay ou Cabernet?

Quem diria não é? A Ciência não para de nos surpreender ou então há gente com tempo a mais...

A primeira descoberta chega-nos da Universidade do Connecticut onde um novo estudo demonstrou que as populares bolachas podem ser tão ou até mais viciantes do que a cocaína, pelo menos para os pobres ratos de laboratório. Segundo os testes feitos, comer as bolachas activou mais neurónios na área do cérebro relativa ao prazer do que a própria droga.

Colocados em labirintos as pequenas criaturas perseguiam vorazes em busca das bolachas quando no outro extremo tinham à sua espera "suculentos" bolinhos de Arroz...hmm...pois!

No outro lado do globo, a B&H Lifes lançou no Japão o "Nyan Nyan Nouveau", o primeiro vinho do mundo para gatos...Isto vai ser uma farra constante para os cat lovers deste mundo, lá se vão as 7 vidas de uma vez. 


Descansem as associações protectoras de animais que apesar de feito com sumo de uvas Cabernet o Nyan Nyan (literalmente Miau Miau) não contém álcool.

Mas porque todos têm direito a brindar, que se dê um copo de vinho ao "pobre e doente" Oliveira e Costa (o ex-homem forte do BPN), pelo menos nas palavras do seu advogado. O bom samaritano!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Trabalha e Sorri...(não) És pago para isso!



Quantos de nós podem dizer que trabalham no que gostam? Pior, quantos de nós podem verdadeiramente aspirar a fazer realmente aquilo para o qual estudaram e se prepararam.


Tempos houve em que um indivíduo médio detentor de um canudo podia facilmente escolher o seu destino, a sua carreira profissional. As portas abriam-se, as oportunidades pareciam imensas.


Com o passar do tempo este paradigma foi-se alterando, fruto da crescente competitividade, dos novos mercados e da avareza de alguns.


O facto é que o “faço o que gosto e sou pago para isso” foi dando lugar à equação “não gosto do que faço mas sou bem pago / ou o mais lírico “sou mal pago mas gosto do que faço.


As regras do jogo foram alteradas pelos ditames dos mercados de capitais, pelas instituições financeiras e pela promiscuidade destas com o poder político.


Hoje em dia, aqueles de nós que estão nos 30 / 40 anos mas também aqueles que nos precedem e os que nos seguem são levados a crer que “já é uma sorte termos emprego nos tempos que correm”. A premissa dominante é “não fazes o que gostas e és mal pago mas atenção, alegra-te, podia ser bem pior”.


É o defraudar de todos os nossos sonhos e legitimas expectativas. Prometiam-nos “estuda, trabalha e verás o teu esforço recompensado”.


Antigamente ser bom, ser competente garantia-nos um salário satisfatório, hoje nem emprego nos assegura.

O esforço e o mérito estão longe de, por si, serem garantes de uma carreira bem-sucedida.


A cunha, o contacto privilegiado afirmam-se como as chaves para o sucesso. Ao mérito está reservado um lugar secundário, só actua se estiverem reunidos outros predicados como o “estar à hora certa no lugar certo” ou “agradar à pessoa certa e esperar que ela nos reconheça o mérito” ou então, inebriados de um espírito aventureiro, deixar tudo e todos e embarcar para novos destinos, novas realidades…E mesmo isso não nos assegura por si o sucesso.


A lei da natureza impera mas numa lógica pervertida. Não é o mais forte que prevalece, nem o mais inteligente mas o mais astuto, o camaleónico.


Não basta sermos bons, há que mexer os cordelinhos certos, saber a quem e como agradar. 


À difícil conjuntura junta-se um enraizamento temoroso daqueles há muito instalados, avessos à mudança, assustados perante a presença de sangue novo, de novas ideias.


Para os mais romanticos, para aqueles que se movem por princípio resta uma decisão…Partir e perseverar (e se…) ou ficar e acreditar num feliz volte-face do destino, na janela de oportunidade que um dia se há-de abrir…Mas e se tal nunca suceder?


É esta a sociedade que queremos?

domingo, 6 de outubro de 2013

Eco-Friendly?!

 
As preocupações ambientais parecem aos poucos ir entrando na ordem do dia, apesar de em muitos casos tudo não passar de uma fina máscara de falsidade para fins mediáticos e promocionais (ou meramente economicistas) de grandes corporações ou simplesmente porque parece bem, porque está na moda, no caso de algumas pessoas.


Os produtos “amigos do ambiente” representam uma quota cada vez mais importante do mercado mas será que, em vários casos, merecerão verdadeiramente este rótulo?


Falemos então dos pseudo-amigos do Ambiente.


Um caso bem ilustrativo é o que se passa com as árvores de Natal. Os pinheiros naturais são cada vez mais rara presença nos lares portugueses na época natalícia. Os pinheiros artificiais “made in china” que nos apresentaram como sendo uma solução eco-friendly representam na verdade riscos bem maiores para o Meio Ambiente do que aqueles que se “propõem” salvaguardar.


Desde logo os recursos energéticos que são empregues na sua produção em massa. O maior risco contudo relaciona-se directamente com a composição, o altamente poluente PVC que compõe o plástico de que são feitos. Para além dos detritos que se acumulam quando decidimos trocar de árvore por um modelo mais novo ou harmonioso, a produção do PVC liberta perigosas emissões cancerígenas. 


Associações Ambientais como a Quercus têm alertado para este “falso amigo” da Natureza, referindo que é preferível ter um pinheiro natural, desde que o seu abate seja devidamente enquadrado em políticas de limpeza e controlo das matas e florestas e que haja efectivas preocupações com a reflorestação. 



Há muitos outros produtos que podemos questionar e já nem falo daqueles cuja eco-consciência apenas pode ser comprovada com a devida inspecção e legislação. 


Falemos, por exemplo, dos secadores de mãos nas casas de banho ao invés da tradicional folha de papel. É que estes não funcionam exactamente por si, é necessário gastar electricidade sempre que são activados. Será que os produtos fosseis queimados na produção de energia eléctrica não serão mais nocivos para o Ambiente do que o próprio abate de árvores? E não nos esqueçamos da possibilidade de reutilizar outras fontes de papel.


Outro caso, este bastante mediático, é o relacionado com os sacos de plásticos que os supermercados elegeram como “alvo a abater”, passando a cobrar a sua utilização e vendendo-nos sacos duradouros para as compras produzidos com outros materiais, em particular, adivinhe-se, plástico…! Porque não de pano, por exemplo.

Os sacos de supermercado sempre foram reaproveitados para outros fins, nomeadamente para depositar o lixo orgânico nos nossos lares no dia-a-dia. Se deixamos de dispor destes teremos que recorrer em exclusivo para os sacos de lixo vendidos com esse intuito. Que eu me recorde são igualmente feito de plástico ou será equívoco meu? Onde está aqui o ganho (para além do dos próprios supermercados)? 


Como estes há muito outros casos. Por isso vos digo, larguemos a hipocrisia e na hora de comprar “verde” atentem nos rótulos e ponderem os reais prós e contras de cada escolha que fazemos.


Deixo-vos alguns conselhos simples mas que fazem a diferença. Apostem na reciclagem a na reutilização. Racionalizem o uso de água nas tarefas diárias e em gestos tão pequenos como lavar os dentes ou fazer a barba. Não deixem as luzes de casa ligadas ao acaso. Aproveitem o bom tempo e troquem o carro por um passeio a pé ou de bicicleta com família e amigos.