terça-feira, 16 de julho de 2013

A Apple do Pecado





Não bastava à maçã ter ficado para a História como o fruto do Pecado, o seu sucedâneo virtual volta a sofrer do mesmo estigma. Pelo menos essa é a opinião de Chris Sevier um (ex)advogado do Tennessee que acusa a Apple de perverte-lo de forma inadmissível ao vender aparelhos móveis que lhe dão acesso sem restrições a conteúdos pornográficos na internet.



Na senda da extraordinariamente imaginativa tradição litigante norte-americana, Sevier, que foi considerado inabilitado para exercer advocacia em Dezembro de 2011 (porque será?), está a processar a Apple pelo gigante tecnológico estar a “sabotar as relações sexuais” ao permitir que os clientes tenham acesso a pornografia online, sendo ao mesmo tempo cúmplice pelo “desenvolvimento do tráfico sexual, da prostituição infantil” e muitas outras maleitas sociais.



Apresentando uma argumentação com cerca de 50 páginas, Sevier demoniza a Apple, considerando-a responsável pela sua dependência da pornografia e o subsequente fim do seu casamento,  dado que a empresa está a promover uma “concorrência desleal entre as actrizes porno e a sua mulher”:



“UNFAIR COMPETITION AND INTERFERENCE OF THE MARITAL CONTRACT: The Plaintiff became totally out of synch in his romantic relationship with his wife, which was a consequence of his use of his Apple product. The Plaintiff began desiring, younger more beautiful girls featured in porn videos than his wife, who was no longer 21 ... The Plaintiff could no longer tell the difference between internet pornography and tangible intercourse due to the content he accessed through the Apple products”.



Para o queixoso tudo começou quando ao tentar aceder a “Facebook.com” teclou “acidentalmente”  “Fu**book.com”, um site para adultos que “apelou à sua sensibilidade biológica enquanto homem, o que levou a uma adição não desejada com consequências adversas”. Observem o vosso teclado virtual e atentem na (cof, cof) “proximidade” das letras “a, c, e” com o “u e o k”…De “Génio”!



Sevier advoga que se a Apple está “preocupada como o bem-estar das crianças da Nação, ao mesmo tempo que prossegue valores pró-americanos” devia “vender os seus dispositivos com um “safe mode” de forma a filtrar os conteúdos pornográficos”. Curioso é o facto de, simultaneamente, este bom samaritano estar preocupado com a concorrência desleal que a Apple pratica sobre as lojas convencionais para adultos.



O norte-americano que também atribui à sua adição o facto de ter perdido o emprego, dado que ficou deprimido ao ponto de não ir mais trabalhar, pede à Apple uma indemnização por danos materiais e morais.



Enquanto se espera a contestação da Apple à petição inicial entregue, é caso para dizer que, em defesa da “integridade” de todos os “Chris Seviers” deste mundo, ao habitual “Parental Advisory” deve ser adicionado um “Moron Advisory”. 

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