quarta-feira, 24 de abril de 2013

"O Perigo Mora ao Lado"




Se há coisa no mínimo curiosa é constatar que sempre que há um assalto ou qualquer crime violento com impacto mediático os ex-vizinhos quando questionados respondem “Era um excelente rapaz; uma joia de moço; muito educado; de boas famílias; nunca suspeitei de nada, parece mentira”.



Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que ouvimos dizer que determinado indivíduo era um pulha, um canalha  ou “que já se estava a adivinhar” ou um “eu bem avisei e ninguém fez caso!”



Mas que estranha falta de percepção ou intuição é esta que nos tolda o raciocínio? Seremos nós incapazes de detectar um potencial pedófilo ou homicida só porque de certa forma é alguém que nos é, vagamente, próximo. Será que não conseguimos ler alguém de forma negativa apenas porque nos cumprimenta com o habitual “Bom dia” ou “Boa tarde”. E o que dizer quando se trata de amigos ou familiares próximos?



É um facto que não podemos esperar detectar um criminoso ou um predador sexual apenas pelo aspecto físico estranho, uma rotina (ou falta dela) questionável ou por uma indumentária alternativa…Também os há é certo mas na maior parte dos casos deparamo-nos com indivíduos para lá de qualquer suspeita, apenas mais um cidadão entre muitos.



Se nos debruçarmos sobre esta realidade é algo realmente assustador, seria bem mais fácil conseguirmos colocar uma etiqueta em todos os potenciais criminosos. A pseudo normalidade inerente à maioria de cada um destes seres errantes é um logro com que temos que viver.



Este panorama é transversal não conhecendo barreira geográficas ou de classe social. Veja-se a incredibilidade daqueles que lidavam com os irmãos chechenos responsáveis pelos hediondos atentados de Boston quando confrontados, isto apesar de o irmão mais velho ter questionáveis ligações a movimentos religiosos extremistas e constar da base de dados do FBI.



Já diz a sabedoria popular “o perigo vem de onde menos se espera”.

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