segunda-feira, 29 de abril de 2013

“Na semana passada comi pés de bebé no Japão?!”




“Na semana passada comi pés de bebé no Japão!”…Sorry, say that again Paul?!

Estava eu sentado a praticar o desporto mais famoso de sofá, o zapping, quando me deparei com esta pérola. Programa “Isto é Magia” com Luís de Matos, canal RTP Memória.

O entrevistado é Paul Daniels, mágico e estrela da BBC nos anos 80 e 90 com o programa “The Paul Daniels Magic Show”.

O que me ri ao ler esta espantosa tradução. Aproveitando as vantagens da modernidade, o cromo lá ficou fotografado. 

Questionado sobre qual a comida preferida, Daniels respondia que no outro dia tinha experimentado “baby eels” no Japão, isto é enguias bebé. Ora o iluminado tradutor achou por bem colocar o nosso amigo britânico no papel de um hediondo canibal, sedento por pés de recém-nascido. Talvez daí a careta! Ora o “eels” deu lugar a “heels”, juntando-lhe o baby teríamos algo como saltos para bebé…o que digámos seria também algo perfeitamente normal…!

Se é um facto que elogio o facto de em Portugal não haver a tentação de fazer dobragens, não posso deixar de lamentar a má qualidade de boa parte das traduções. 

Nos filmes em língua inglesa só olho para a legenda se for para me rir um pouco com a asneira que o tradutor vai fazer a seguir, tentando fazer o mesmo com espanhol, mas não me posso dar o luxo de fazer o mesmo com outros idiomas, colocando-me totalmente à mercê do tradutor.


Fazer uma tradução exige algum trabalho e por vezes pesquisa. Traduzir um livro, uma peça de teatro, um filme é algo que exige muita atenção e cuidado com o pormenor. Porque as palavras podem ter vários sentidos é necessário um olha atento ao contexto em que uma determinada palavra ou expressão é inserida…embora este não seja propriamente o caso.

Para a história fica o “testemunho” de um ex-mágico com tendências dignas de um Hannibal Lecter

quarta-feira, 24 de abril de 2013

"O Perigo Mora ao Lado"




Se há coisa no mínimo curiosa é constatar que sempre que há um assalto ou qualquer crime violento com impacto mediático os ex-vizinhos quando questionados respondem “Era um excelente rapaz; uma joia de moço; muito educado; de boas famílias; nunca suspeitei de nada, parece mentira”.



Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que ouvimos dizer que determinado indivíduo era um pulha, um canalha  ou “que já se estava a adivinhar” ou um “eu bem avisei e ninguém fez caso!”



Mas que estranha falta de percepção ou intuição é esta que nos tolda o raciocínio? Seremos nós incapazes de detectar um potencial pedófilo ou homicida só porque de certa forma é alguém que nos é, vagamente, próximo. Será que não conseguimos ler alguém de forma negativa apenas porque nos cumprimenta com o habitual “Bom dia” ou “Boa tarde”. E o que dizer quando se trata de amigos ou familiares próximos?



É um facto que não podemos esperar detectar um criminoso ou um predador sexual apenas pelo aspecto físico estranho, uma rotina (ou falta dela) questionável ou por uma indumentária alternativa…Também os há é certo mas na maior parte dos casos deparamo-nos com indivíduos para lá de qualquer suspeita, apenas mais um cidadão entre muitos.



Se nos debruçarmos sobre esta realidade é algo realmente assustador, seria bem mais fácil conseguirmos colocar uma etiqueta em todos os potenciais criminosos. A pseudo normalidade inerente à maioria de cada um destes seres errantes é um logro com que temos que viver.



Este panorama é transversal não conhecendo barreira geográficas ou de classe social. Veja-se a incredibilidade daqueles que lidavam com os irmãos chechenos responsáveis pelos hediondos atentados de Boston quando confrontados, isto apesar de o irmão mais velho ter questionáveis ligações a movimentos religiosos extremistas e constar da base de dados do FBI.



Já diz a sabedoria popular “o perigo vem de onde menos se espera”.

terça-feira, 23 de abril de 2013

As Mulheres e os Sapatos




As mulheres adoram sapatos, ninguém duvida, mas será legítimo dizer que “shoes are a girl’s best friend”…?

A estranha relação amor-ódio que as mulheres têm com os sapatos é algo que parece fugir à mais elementar lógica e que coloca mulheres e homens em polos opostos.

Desde logo o porquê desta necessidade compulsiva em comprar pares e mais pares de sapato…Pés são dois, a menos que se esconda por aí alguma centopeia, claro!

Mas esta estranha obsessão passa muito para além dos milhares de cores, formas e adornos no calçado à disposição das mulheres. O problema centra-se no verdadeiro masoquismo em nome da moda e de um ideal de beleza que lhe está associado. Para boa parte das mulheres o calçado ser confortável não é um requisito é um bónus, uma (inesperada) vantagem adicional. O determinante é o estilo e a elegância, nem que seja para os ostentar nos famosos 5 minutos de glória de quando em vez.

As mulheres podem reclamar, dizer que não encontram sapatos com que se sintam bem mas, no final do dia, na escolha conforto vs “elegância”, o primeiro é invariavelmente deixado para trás.

Os saltos altos são a verdadeira pièce de résistance, não há mulher que não os queira colocar, que não suspire por eles, sobretudo se vierem com a célebre sola em vermelho…as coisas que eu vou aprendendo…falo claro dos Louboutin, o Ferrari dos sapatos como já lhe ouvi chamar.


Sarah Jessica Parker é o exemplo perfeito desta conturbada paixão. A icónica (para qualquer fashion victim que se preze) Carrie Bradshaw da série “Sex and the City” foi recomendada pelos médicos a nunca mais usar saltos altos dado a deformação óssea que o uso dos mesmos lhe provocou ao longo dos anos.

Para nós homens este conceito de “sofrer pela moda” é algo que foge totalmente à nossa compreensão e o prático ou o confortável não tem necessariamente que significar enfadonho.  

sexta-feira, 19 de abril de 2013

"Esposas de Viseu" na Caça aos Infiéis!




“Esposas de Viseu revelam homens que recorrem a prostitutas” titulava hoje o IOnline seguido por outras publicações.

Com um misto de curiosidade e vontade de rir lá fui lendo a notícia que assinalava que “um blog lançado por "esposas de Viseu" quer dar a conhecer os homens que na cidade recorrem aos serviços de prostitutas dos bairros das quintas do Grilo e do Galo”.

Ora com um certo espanto lá fui consultar o dito blog. De fundo preto e simples, deparamo-nos com uma lista de mais de 100 carros (e motas), identificados pela cor, marca e matricula. O mote, assinalado a garrafais letras em tons de laranja, não podia ser mais expressivo: “Para que as nossas conterrâneas não continuem a ser enganadas por homens porcos que as enganam e tiram da mesa para andarem nas prostitutas da Quinta do Grilo e do Galo, em Viseu. Saiba aqui quem eles são".

Como devemos encarar isto?

Por um lado temos  o “serviço” que alguma mulher (ou porque não um homem armado em justiceiro) ou mulheres enganadas querem prestar às “suas conterrâneas” neste ataque cerrado aos prevaricadores… os tais “homens porcos”. Porém, do outro lado, temos a mais pura violação e devassa da vida privada que, para bem ou para o mal, é protegida constitucionalmente. A Lei Fundamental elenca direitos e deveres inatos ao respeito da individualidade e da condição humana, não sendo sua intenção reduzir-se a uma cartilha  de moral e bons costumes.

Para além dos ditos “homens porcos”, que apesar de tudo também têm direitos, não nos esqueçamos que também homens solteiros ou por consentimento recorrem a este tipo de serviços. Será que também estes terão que ver a sua vida exposta? Estou certo que estas espiãs de trazer por casa não andam a cruzar bases de dado para ver o estado civil dos “apanhados em flagrante”. E pobres aqueles que se lembrarem de parar na zona para pedir uma informação, beber um café ou que tenham o azar de ter um furo, lá vão passar à lista dos proscritos.

Apesar de não ser propriamente um defensor da prostituição, é impossível fechar os olhos a uma realidade quase tão antiga como a própria vida. Há que respeitar a escolha daquelas que o fazem e daqueles que a ela recorrem desde que livremente. A questão de legalização da prostituição é uma discussão que faz todo o sentido. Poderá estar aqui a solução para muitos problemas que lhe estão associados. Mas não me vou alongar (por ora) que isto é matéria que dá pano para mangas.

Voltando às nossas “esposas de Viseu” recordei-me de imediato do movimento das esposas indignadas de Bragança que há alguns anos atrás fizeram furor quando denunciaram aos quatro ventos para o perigo do número crescente de casas de alterne na região que lhes “levava os maridos”. Nem o direito a falar na Tv em horário nobre lhes faltou. A culpa, diziam, era das brasileiras, essas discípulas de Satã que enfeitiçavam os “pobres homens”. Que se faça justiça a estas  “vigilantes de Viseu” que ao menos têm o discernimento de apontar o dedo acusador para os maridos infiéis mas nesta “caça às bruxas” o “justo” também pagará pelo pagador.  E não nos esqueçamos, ainda temos a questão da privacidade…


E vocês o que acham?

terça-feira, 16 de abril de 2013

Boston - Maratona de Terror




Foi com tristeza e estupefacção que vivi ontem as notícias de mais um cobarde atentado, desta vez em plena maratona de Boston, que vitimou três pessoas, entre elas uma criança de 8 anos, momentos após ter abraçado o pai na linha de chegada. A mãe e a irmã estão internadas em estado crítico. 

Entre os perto de 150 feridos, pelo menos 17 encontram-se em estado grave, como o caso de dois irmãos de 31 e 33 anos que assistiam serenamente à corrida.

Os “corajosos” energúmenos carregaram os explosivos com rolamentos, pregos e estilhaços de metal, multiplicando-se por isso os casos de amputações e cortes profundos.

Conheci Boston no Verão de 1994 e guardo as imagens de uma cidade calma, segura, repleta de espaços verdes e uma soberba oferta cultural nos seus imensos museus, exposições a animação de rua.

Recordo-me de uma cidade de pessoas simpáticas, prestáveis, com um nível cultural médio elevado (não fosse o local onde está sedeado Harvard), naquela que pode ser designada nos seus comportamentos e costumes como a “cidade mais europeia dos Estados Unidos”.

O terrorismo é uma ameaça global e o seu maior trunfo é a cultura de medo que nos acorda violentamente de tempos a tempos com ataques como o de ontem. Sabemos que vai acontecer, só não sabemos o "onde" e o "quando".

Não vou entrar por certo no  diapasão que certo tipo de pessoas gosta de entoar nestes momentos, que “todos os dias há atentados e não se vê uma indignação na opinião pública e nos media como sucede quando há um atentado contra interesses europeus ou americanos….há cidadãos de primeira e de segunda”. Para mim um atentado é um atentado, independentemente de ser na Europa, EUA, Iraque ou na Conchichina.

Somos por natureza associativos e cultivamos uma certa cultura de identificação com o que nos é mais próximo,  pelo que é natural que certos atentados nos causem um maior alerta e choque imediato do que outros. Mas isso não invalida nem diminui o mesmo sentimento de revolta que sentimos quando vemos ataques hediondos contra alvos civis, vitimas indefesas alheias a qualquer conflito político, militar ou ideológico. Talvez estejamos menos susceptíveis, mais frios é um facto mas isso também se deve à injecção diária de acontecimentos semelhantes em determinadas partes do mundo que são debitadas diariamente em qualquer espaço informativo.

Quero deixar o meu sentido voto de pesar a todos aqueles que sofrem diariamente com a infâmia destes actos perpetrados por cobardes, onde quer que se encontrem. Que se faça justiça!