sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vem aí a Troika! - O Jogo

















Hoje deparei-me com o genial jogo de tabuleiro “Vem aí a Troika. Uma bem-humorada “sátira da dinâmica de poder, pressão e influência, que dominam a vida de uma sociedade democrática”.  

O cenário é Portugalândia, “um país onde podem existir líderes corruptos e incompetentes, interesses financeiros obscuros e grupos de interesses que se estão nas tintas para o país, provocando a bancarrota do Estado e a vinda da Troika”. Segundo os criativos da empresa Tabletip Games “Qualquer semelhança com factos, entidades ou pessoas reais é mera coincidência”. Eu diria, neste caso ,que a ficção cada vez mais se confude com a realidade e porventura seja até bem mais lisonjeira em muitos casos.

No tapete do jogo cada jogador representa “um mais ou menos obscuro grupo de interesses que através de manipulação política, social e económica tenta ganhar poder, votos e dinheiro”. Segundo as regras sairá vencedor o jogador que acumular mais pontos criando a sua teia de influências, gerando consensos políticos, vencendo eleições, acumulando dinheiro e títulos de depósito em paraísos fiscais (offshores).

O jogo chega às lojas já esta 2ªfeira, dia 3 de Dezembro, e é por certo uma excelente sugestão de Natal. 

Quero dar os parabéns à empresa Tabletip Games e até lhes junto umas ideias, free of charge, para próximos lançamentos:

  • A Merkel manda (versão do popular o Rei manda / Simon says);

  • Traga-Cavaco (as pequenas bolinhas substituídas por mini bolos-rei);

  • “Quem é Quem” versão Processo Casa Pia (muito útil para ajudar as vítimas a melhor identificarem os seus alegados abusadores…tem bigode?...é careca?...usa boina?...);

  • O “Relvas” Sabichão (responde a tudo por equivalência);

  • Mikado para desempregados (com pontas mais afiadas consoante o grau de desespero);

  • Mini Batalha-Naval de Portas (jogo chega ao fim quando se afundam os 2 submarinos);

  • Tabuada do Gaspar (ao invés do simpático Ratinho);
 
  • Cluedo, edição "Quem roubou o dinheiro aos contribuintes?!"


Boa jogatana a todos!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Pisco-Fobia

 

Alguém me explica que compulsiva estupidez estará por trás do inexplicável divórcio entre os condutores portugueses e o pisca? 

  • Será algum trauma de infância envolvendo uma gambiarra de Natal? 

  • Uma surpreendente inaptidão motora que torna difícil a coordenação pedais, mudanças, volante, piscas?

  • Um fashion statement contra o piscar enfadonho e monocromático?

Adiante… Por mais imaginativos que pudéssemos procurar ser, tudo se resume no fim ao mais elementar primarismo e puro desrespeito pelos outros, infelizmente replicado em toda uma postura irresponsável perante a condução (porque não dizer, perante a própria vida). 

Meus caros aquela luzinha tem um intuito, não está lá por mera decoração, nem é de certeza mais “uma mariquice que se lembraram de inventar”. Como não somos todos adivinhos, nem prevemos o futuro, dá um jeitaço percebermos para onde o carro do lado decide ir (então nas rotundas é um mimo). Lamentavelmente nem o facto de ser um comportamento sancionado por lei parece dissuadir os mais idiotas.

Já dizia Einstein "Only two things are infinite, the universe and human stupidity, and I'm not sure about the former”.


 

domingo, 25 de novembro de 2012

Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres


Hoje, dia 25 de Novembro, assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, um flagelo que continua a minar de forma intolerável a nossa sociedade dita "desenvolvida". Dura mas pragmática esta campanha da APAV, símbolo de que uma imagem vale mais do que mil palavras.


Porque somos todos filhos, pais, irmãos, maridos e namorados de alguém, é nosso dever enquanto homens não pactuarmos com esta situação e não permitirmos que o silêncio e a vergonha continuem a mascarar situações como estas.



sábado, 24 de novembro de 2012

Bombas e Burgessos




O jogo Benfica-Olhanense desta noite foi pautado do início ao fim pelo rebentamento de petardos. Mais do que um jogo de futebol parecia que estávamos a assistir a um exercício militar, tal era o estardalhaço. Felizmente a cada novo “disparo” seguia-se um ensurdecedor coro de assobios condenando tão ignóbil atitude.

Gostava de saber, aliás alguém me explique por favor, que doentias mentes estão por trás destes rebentamentos. Quem é o idiota que sai de casa a pensar, “bela noite para assistir a um jogo…cachecol confere, bilhete confere…porra que já me ia esquecendo dos very-light!”

Sabemos o quão difícil é detectar estes perigosos artefactos à entrada dos estádios, dado o seu diminuto tamanho. Ao que parece há quem os esconda nos sapatos ou mesmo na roupa interior, uma pena nenhum detonar precisamente nestas alturas.


Quem vai para um estádio de futebol munido de explosivos como se fosse entrar num campo de batalha só pode ser um reles criminoso, imbuído do mais elementar desrespeito pela vida humana. Gente como esta não gosta certamente de futebol e deverá ser para sempre banida.

Pode-se fazer muito para combater este flagelo. Denuncio desde já a falta de coragem do legislador e sobretudo dos próprios clubes em expor  e terminar com este deplorável estado a que chegou o futebol. Nos estádios, principalmente nos mais modernos, há câmaras de segurança por todo o lado, isto já para não falar nas inúmeras câmaras de televisão. Porque é que não há “tomates” em expulsar de vez estes energúmenos do desporto-rei. Que letargia é esta que contagia os principais dirigentes desportivos? A meu ver devem ser corresponsabilizados pela negligência ou mesmo compadrio com estas situações. 

  
 Veja-se o exemplo das claques organizadas. Passeiam-se impunemente à frente de tudo e todos, fazendo o que bem querem, portando-se como verdadeiras milícias. Pinto da Costa tem nos Super Dragões uma espécie de escolta pessoal. Às claques do Benfica e do Sporting (particularmente os No Name e a Juve Leo) é permitido fazer quase tudo, pressionando e ameaçando jogadores, treinadores e dirigentes quando as coisas não correm bem. Os White Angels do Vitória de Guimarães parecem ter-se tornado especialistas em apedrejamentos e perseguições na autoestrada.


Que falta fazem estes grupos ao futebol? Quem deles toma parte? Diria que na maioria uma cambada de vândalos e primatas para quem o futebol está longe de ser a primeira preocupação.  Por demais são conhecidos os casos de violência gratuita entre claques de clubes rivais, quando não entre facções antagónicas do mesmo clube. Isto já não comentando as já conhecidas ligações à extrema-direita de muitos dos seus elementos.

Nunca hei de me esquecer da afirmação que um ultra belga fez ao ser entrevistado para um documentário sobre holiganismo. O momento era o Mundial de Itália 90: “Eu nunca liguei ao futebol até entrar para uma claque. Aliás continuo a não gostar, o que me interessa é poder andar à pancada”.

 
Confesso que já vi uma partida ao lado de uma claque e o que mais me surpreendeu na altura foi o total desinteresse pelo jogo, contava-se pelos dedos o número de vezes que olharam para o relvado (provavelmente nem saberiam o resultado ou mesmo quem estava a jogar). O foco das atenções era a claque e os adeptos adversários com quem iam sendo trocados os mais básicos impropérios e prometidos violentos ajustes de contas logo que terminado o jogo. 

O futebol gera ódios e paixões, é um facto. Sou fanático pelo meu clube, o Benfica, e a selecção. Rejubilo com as vitórias, sofro com as derrotas mas tudo dentro dos limites do saudável e de um mínimo racional. Não andarei por certos aos tiros ou darei uma bofetada em casa porque o jogo não correu bem. 

O futebol deve ser sinónimo de paixão, de festa, de momentos bem passados. Um espaço de convívio para país e filhos, para famílias e amigos. Um espectáculo onde a única “batalha” deve ser a que ocorre entre as quatro linhas que demarcam o relvado. 


É tempo de por fim a este degredo e incentivo à violência que mancha o bom nome do futebol. Para um novo ciclo que se precisa basta haver vontade. Vontade (política) e coragem daqueles que se movem ou são eles mesmos os centros decisores do quotidiano da modalidade. Esperemos que não seja precisa (mais) uma tragédia para que algo comece a mudar.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Já conhecem o Nando's?



A primeira vez que me deparei com este nome foi em 2007 quando decidi ir visitar uns amigos a Manchester. No grupo alguém sugeriu ir jantar ao Nando’s, o que pareceu merecer a concordância de todos e da minha parte uma grande interrogação: “O que é o Nando’s?”

Explicação rápida...”É um restaurante de comida tradicional portuguesa” e lá fomos.

Ao chegar a primeira surpresa. Pensei que me aguardava um restaurante num estilo algo rústico, típico e não certamente na estrutura de franchising que o Nando’s é.

A segunda surpresa…A tão afamada comida portuguesa não mais era do que o, imagine-se, frango no churrasco, o ex-libris da casa. Confesso que nunca identificaria tal “iguaria” como sendo comida tradicional mas talvez esta seja a pura constatação de que as ideias mais simples são aquelas que produzem melhores resultados.


Encontramos outros pequenos apontamentos nacionais como os clássicos pastéis de nata, os vinhos e algumas bebidas portuguesas (caso da Sumol e da Sagres) mas o que dá nome à casa, a pièce de résistance, é sem dúvida o frango. O “nobre” galináceo é preparado nas mais diversas marinadas com destaque para o frango ao piripiri (os diversos molhos e temperos são também vendidos em grandes cadeias de supermercados). Há o frango inteiro, os meios, os quartos e ainda as variedades em hambúrgueres, pitas, saladas ou as hot wings. Ao que parece em alguns locais têm outras “especialidades nacionais” como a espetada (?) e a cataplana de peixe e marisco.

Depois de encetada uma pequena pesquisa, deparei-me com um verdadeiro case-study, um best-seller do franchising alimentar a nível mundial, presente em quase 30 países (África do Sul, Austrália, Bahrein, Bangladesh, Botswana, Canadá, Chipre, EAU, EUA, Fiji, Índia, Irlanda, Kuwait, Líbano, Lesoto, Malawi, Malásia, Namíbia, Nova Zelândia, Nigéria, Oman, Paquistão, Qatar, Reino Unido, Suazilândia, Turquia; segundo o site quem conseguir provar que esteve em todos os restaurantes Nando’s desta verdadeira rota mundial, denominada “the hungry traveller”, tem direito a comer de borla em qualquer restaurante da marca durante o resto da vida) com destaque para a diáspora de língua inglesa. Só no Reino Unido há 255 restaurantes, 65 na zona de Londres…elucidativo. Único efeito perverso...as mentes, digamos, menos “cosmopolitas” poderem catalogar a gastronomia portuguesa como sendo isto.

A História do Nando’s remonta a 1987, quando dois emigrantes luso-moçambicanos sedeados na África do Sul, decidiram investir numa diminuta mas reputada churrasqueira, a “Chickenland”, no pequeno subúrbio de Rosettenville, a sul de Joanesburgo.


Vestindo novas roupagens e com o galo de Barcelos como símbolo, o Nando’s depressa foi ganhando a reputação de que hoje goza, sem dúvida fruto do espírito empreendedor dos seus mentores.

O segredo do sucesso do Nando’s está também no seu marketing agressivo, em particular nas suas arrojadas, porque não dizer controversas campanhas publicitárias. Em 2010 a revista “Advertising Age” considerou a marca com uma das 30 “hottest marketing brands” do mundo.


Eis algumas das campanhas que geraram bastante polémica e valeram mesmo, no primeiro caso, algumas ameaças para os responsáveis locais da marca:

Last dictator standing”; África do Sul (2011) – Delicioso este anúncio em que um tristonho Robert Mugabe (presidente do Zimbabué) janta sozinho à mesa de Natal enquanto recorda com nostalgia “tempos mais felizes” na companhia dos seus (entretanto desaparecidos) “amigos ditadores”. No clip de 60 segundos Mugabe surge a brincar com pistolas de água com Muammar Khadaffi, a fazer “snow angels” na areia com Saddam Hussein, a cantar kararoke com Mao Tsé-Tung, a empurrar P.W. Botha no baloiço e andando alegremente de tanque com o sanguinário Id Amin numa estranha coreografia ao melhor estilo de Titanic. Em pano de fundo a música “Those were the days”.


Nando’s diversity; África do Sul (2012) – Fantástico o anúncio que toca na questão da imigração clandestina e da multiculturalidade da África do Sul.


Nando’s blind woman; África do Sul (2000) – Um cão-guia faz embater propositadamente a sua dona num poste para ficar com o frango acabado de comprar. O anúncio gerou grande controvérsia, sendo que muitos consideraram que poderia ser ofensivo para a comunidade invisual. O certo é que, ao que consta, às reacções mais divertidas terão vindo destes mesmos. Por vezes é o que dá quando se quer ser mais papista do que o Papa.



Nando’s Ramadan; África do Sul (2006) – Um esfomeado muçulmano em pleno Ramadão desespera pelo pôr-do-sol.


Nando’s missing chips; África do Sul (2010) – Acho que dispensa quaisquer comentários ;)


Curioso é o facto de este mega-franchise ser totalmente desconhecido da, atrevo-me a dizer, maioria dos portugueses. O que me leva à interrogação…Será que este conceito funcionária em Portugal?

Eu diria que sim. Apesar de não trazer nada de particularmente novo, seria sem dúvida um sucesso se implementado nas zonas de maior concentração turística como o Algarve, a Madeira e mesmo Lisboa. Noutro âmbito, julgo que também funcionaria muito bem como “restaurante de shopping”.

No site (vale a pena visitar) há espaço para potenciais franchisados. Alguém interessado?